Equalis veterinaria

Efeitos Cardiovasculares dos Tranquilizantes opiáceos

Autor: Afonso Reis

Os cães, na maioria das vezes, não colaboram com o posicionamento necessário, ou com o tempo necessário para a realização de procedimentos diagnósticos. Além disto, animais cardiopatas podem apresentar dispneia e cianose, que podem piorar com a contenção física e estresse na realização do exame. Sendo assim, objetivando diminuir o risco para tais pacientes, bem como possibilitar a realização do diagnóstico, tem-se uma excelente ferramenta, que é a utilização de tranquilizantes opioides.

Os opioides são os mais potentes analgésicos utilizados na medicina veterinária. O termo opioide refere-se a todas as substâncias naturais, semissintéticas ou sintéticas que se ligam parcial ou totalmente aos receptores opioides, sendo estes presentes em vários tecidos como o cérebro, medula, trato urinário, trato gastrointestinal e vasos deferentes. Como exemplo dessa classe, temos: morfina, meperidina, tramadol e o butorfanol.

Dentre os opioides, o butorfanol tem menos efeito cardiovascular do que o clássico opiáceo agonista verdadeiro, mas pode causar uma discreta hipotensão, devido ao relaxamento da musculatura vascular periférica provocada por ele, diminuindo a pressão arterial diastólica e, dessa forma, reduzindo também a pressão arterial média.

Os três receptores mais importantes dos opioides são o mu, o kappa e o delta, sendo os receptores “mu” responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos, como analgesia, sedação, euforia, miose, depressão respiratória, dependência, inibição da motilidade do trato gastrointestinal (TGI) e liberação do hormônio antidiurético (ADH).

No sistema cardiovascular, a maioria dos opioides apresenta poucos efeitos, como no débito, ritmo cardíacos, e na pressão arterial, quando são respeitadas as doses analgésicas recomendadas. Os opioides promovem diminuição da frequência cardíaca, e após administração de mu-agonistas, pode ocorrer hipotensão após vasodilatação periférica. No cão diminui o fluxo sanguíneo coronariano, o que provoca vasoconstrição e aumento da resistência coronariana. No sistema respiratório os mu-agonistas induzem depressão respiratória pouco significativa e diminuição do reflexo de tosse, principalmente nos cães.

Logo, devido aos efeitos relativamente benignos sobre a função cardíaca, os opioides costumam ser usados de base para protocolos anestésicos para pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes.

 

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