Equalis veterinaria

COMPLICAÇÕES PÓS-CASTRAÇÃO EM CADELAS: RISCOS E CUIDADOS

A ovariohisterectomia (OH) é, sem dúvida, um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados na rotina da clínica de pequenos animais. Apesar de ser considerada uma técnica segura e amplamente difundida, é fundamental que o médico-veterinário esteja ciente e preparado para lidar com as possíveis complicações intra e pós-operatórias, ainda que pouco frequentes.

Indicações e benefícios clínicos

A castração em fêmeas caninas é indicada tanto em caráter preventivo quanto terapêutico, proporcionando benefícios amplamente documentados:

  • Prevenção do cio e do comportamento associado;
  • Controle populacional;
  • Redução do risco de neoplasias mamárias, especialmente se realizada antes do primeiro ou segundo estro;
  • Prevenção e tratamento de piometra, condição urgente que eleva o risco de infecção generalizada;
  • Profilaxia contra cistos ovarianos, torção uterina, prolapso e neoplasias de útero e ovários;
  • Estabilização hormonal em quadros endócrinos específicos.

Complicações possíveis

Apesar da segurança do procedimento, a OH não é isenta de riscos. Algumas das complicações mais comumente relatadas na literatura incluem:

  • Dor pós-operatória mal controlada;
  • Hemorragia intra-abdominal, especialmente por falha na ligadura dos pedículos;
  • Infecção do sítio cirúrgico (ISC);
  • Deiscência de sutura abdominal;
  • Incontinência urinária induzida por hipoestrogenismo (mais comum em raças de grande porte);
  • Reações a corpo estranho (sutura fio de sutura);
  • Reações adversas a anestésicos ou fármacos analgésicos, incluindo choque anafilático (raro);
  • Óbito, em casos extremos e geralmente relacionados a falhas anestésicas ou pacientes com comorbidades não detectadas.

 Cuidados Pré-Operatórios Essenciais

A redução de riscos está diretamente associada à avaliação pré-anestésica adequada. Recomenda-se:

  • Hemograma, bioquímica sérica e coagulograma;
  • Avaliação cardiológica (ECG e ecocardiograma), especialmente em pacientes geriátricos ou com sopros auscultáveis;
  • Verificação de status vacinal e controle de ecto/endoparasitas;

Além disso, é essencial obter um termo de consentimento informado, ressaltando os riscos mesmo em procedimentos eletivos.

Considerações Finais

Embora a ovariohisterectomia seja considerada uma cirurgia rotineira, não deve ser subestimada. A prática clínica exige atenção aos detalhes, desde a triagem pré-operatória, passando pela execução técnica, até o manejo pós-operatório e analgesia adequada.

A comunicação clara com o tutor sobre os benefícios e riscos é fundamental para garantir uma relação transparente e ética, além de favorecer a adesão ao tratamento e acompanhamento.

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