Equalis veterinaria

A importância das proteínas na resposta imunológica na Leishmaniose

Autor: Jessica Carvalho

A resposta imune é uma complexa rede de interações celulares e moleculares que protege o organismo contra agentes patogênicos, como bactérias, vírus e parasitas. O sistema imunológico é composto por células especializadas, sendo os linfócitos responsáveis por coordenar a resposta imune. Entre os linfócitos, existem duas subpopulações importantes conhecidas como células T auxiliares tipo 1 (Th1) e células T auxiliares tipo 2 (Th2), que desempenham papéis distintos na resposta imune.

A interação entre as células Th1 e Th2 é crucial para manter o equilíbrio e a eficácia da resposta imune. Um desequilíbrio entre essas duas subpopulações pode levar a doenças autoimunes, alergias e outras condições imunológicas. A compreensão da resposta Th1 e Th2 é fundamental para o diagnóstico e tratamento de várias doenças em medicina veterinária. Por exemplo, em infecções por agentes intracelulares, como a leishmaniose em cães.

A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania, cuja transmissão ocorre por meio da picada de flebotomíneos. Existem três formas principais de leishmaniose: cutânea, mucocutânea e visceral. No Brasil, a principal espécie envolvida nesta enfermidade é a Leishmania infantum, responsável pela Leishmaniose Visceral canina.

Sendo assim, a presença de patógenos, como a Leishmania sp., estimula a imunidade através de diversos mecanismos. Dentre eles, pode-se mencionar a ativação da gasdermina-D, uma proteína que promove a formação de poros na membrana plasmática das células infectadas do hospedeiro, resultando na morte celular inflamatória programada, conhecida como piroptose, que diferente da apoptose (morte fisiológica), alerta o sistema imunológico que algo está errado, auxiliando no combate do agente infeccioso invasor. Portanto, vem sendo alvo de estudos como potencial terapêutico para várias doenças inflamatórias. Especificamente na Leishmaniose, o parasito consegue modular esta resposta, interferindo na ativação da gasdermina-D, interrompendo a piroptose e, consequentemente, a destruição do parasito intracelular.

Além disto, outras proteínas têm importância na defesa imunológica contra doenças infecciosas, como, por exemplo, o inflamassoma. Este complexo proteico atua como sensor intracelular de perigos e danos celulares, desencadeando uma resposta inflamatória através da ativação da caspase-1 e da produção de citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-1β (IL-1β) e interleucina-18 (IL-18). Ele desempenha um papel importante na defesa do organismo contra patógenos microbianos e na regulação da inflamação em condições não infecciosas, como doenças autoimunes e inflamatórias crônicas. No entanto, sua ativação excessiva ou desregulada pode contribuir para a patogênese de doenças inflamatórias, o que foi evidenciado em pacientes com a forma tegumentar da Leishmaniose. Contudo, precisa-se de cautela ao associar a resposta inflamatória causada pelo inflamassoma apenas como algo negativo, pois em alguns casos, o processo inflamatório é importante no combate à doença.

Desta forma, o entendimento das variantes que acometem a resposta imunológica frente a infecção por Leishmania sp. é fundamental para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas e preventivas eficazes, uma vez que fármacos podem ser elaborados baseando-se na correção de vias alternativas criadas pelo parasito para driblar o sistema imunológico do hospedeiro.

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