Equalis veterinaria

ASPECTOS ETIOLÓGICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA CINOMOSE CANINA

Autor: Jessica Carvalho

Na rotina clínica de pequenos animais, observamos uma elevada casuística de doenças infecciosas, dentre elas, uma de grande impacto devido à sua letalidade é a cinomose canina. Esta doença é causada por um vírus (canine distemper vírus-CDV) do gênero Morbilivirus e família Paramyxoviridae. É um vírus RNA fita simples de polaridade negativa, com diâmetro de 150 a 250 nm, que possui um envelope lipoproteico, sendo considerado um dos mais importantes patógenos de cães.

O CDV é formado por proteínas estruturais: nucleocapsídeo (N), fosfoproteína (P), matriz (M), fusão (F), hemaglutinina (H) e grande (L). Dentre estas proteínas, destaca-se a proteína H, responsável pela ligação do vírus à membrana celular do hospedeiro, e a proteína F, que atua no processo de entrada do genoma viral no citoplasma do hospedeiro. Além disso, existem as proteínas não estruturais: V, que inibe a resposta Th1 do hospedeiro, e a C, que favorece a propagação nos órgãos linfáticos.

Tratando-se de um vírus altamente patogênico, é de suma importância a compreensão da sua manutenção ambiental. Sabe-se que o CDV apresenta alta sensibilidade a desinfetantes, tais como éter, clorofórmio e amônio quaternário. Conjuntamente a estas informações, acrescenta-se que sua manutenção em tecidos e secreções, a uma temperatura média de 37ºC, é de cerca de 1h, enquanto a -65ºC, este vírus pode persistir por até 7 anos.

Considerando a prevalência da enfermidade na região Nordeste do Brasil, estudos epidemiológicos apontam que o número de animais infectados é superior ao de animais doentes. Sendo assim, é importante salientar que animais subclínicos também possuem potencial de transmissão. Portanto, a transmissão da cinomose pode ocorrer por exsudatos respiratórios, exposição aerossóis, gotículas respiratórias, bem como de forma transplacentária. Estima-se que após a infecção, a excreção viral pelo hospedeiro possa persistir por cerca de 60 a 90 dias.

Direcionando para aspectos epidemiológicos da enfermidade, nota-se que cães de 3 a 6 meses apresentam uma maior susceptibilidade a ficarem doentes, pois encontram-se num período imunológico cuja carga de anticorpos maternos que auxiliam na resposta imunológica declina, justificando a necessidade da imunização. Complementa-se que em cães dolicocefálicos, quando comparados a cães braquicefálicos, encontra-se uma maior prevalência, mortalidade e sequelas da enfermidade.

Por fim, a compreensão da etiologia e epidemiologia desta doença contribui diretamente para o desenvolvimento de estratégias de prevenção, controle e tratamento desta doença viral. Logo, a integração destes dados permite uma abordagem mais direcionada para mitigar os impactos dessa enfermidade.

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