ABORDAGEM INICIAL DA ERLIQUIOSE MONOCÍTICA CANINA
Erliquiose Monocítica Canina (EMC) é uma doença que acomete os cães, causada por uma bactéria gram-negativa, aeróbia, denominada Ehrlichia canis. É transmitida pela picada do carrapato da espécie Rhipicephalus sanguineus, que precisa, em média, de 12 a 18 horas de fixação para que ocorra a transmissão da bactéria.
Manifesta-se de forma aguda, subclínica ou crônica. Os sinais clínicos na maioria das vezes são inespecíficos, contudo, na fase aguda, além de letargia, anorexia, perda de peso, linfadenomegalia, dentre outros sinais não patognomônicos, pode-se observar também diátese hemorrágica leve; na fase subclínica as manifestações clínicas e alterações hematológicas podem ser ausentes ou leves; por fim, na fase crônica a clínica é variável, podendo ocorrer sangramento grave, pancitopenia sanguínea, septicemia, bem como observa-se alta mortalidade.
Inicialmente o quadro se desenvolve de forma aguda e, dependendo da resposta imunológica do animal, pode ocorrer a eliminação da infecção, diminuição considerável da erliquiemia ou evolução para o estágio subclínico da doença. Em sequência, novamente pode ocorrer a eliminação da infecção ou evolução para o estágio crônico. Atualmente, existe uma grande interrogação a respeito dos pontos imunológicos específicos que fazem o animal evoluir de uma fase para outra. Além disto, a EMC pode se apresentar de forma mielossupressora ou não, sendo a primeira mais agressiva.
Estima-se que o período de incubação da enfermidade seja de 1 a 3 semanas, a fase aguda dure de 2 a 4 semanas e que o animal possa permanecer de meses a anos no estágio subclínico, podendo, futuramente, evoluir para fase crônica.
Na fase aguda ocorre um aumento progressivo nos títulos de anticorpos, que tendem a ficar mais elevados na fase subclínica e crônica da doença. Os exames indiretos qualitativos, que apenas informam a presença ou ausência de anticorpos, principalmente em regiões endêmicas, não são suficientes para fechar o diagnóstico. Logo, uma sorologia reagente deve ser interpretada conjuntamente com a presença ou ausência de anormalidades hematológicas, cenário epidemiológico e a clínica do animal. Isto porque, tratando-se de um local endêmico e da ausência de sinais clínicos e de alterações hematológicas, necessita-se de acompanhamento do título de anticorpos ou realização de exames diretos, como PCR.
Desta forma, a pergunta “Qual melhor exame solicitar para chegar ao diagnóstico e como interpretá-lo?” deve ser um ponto chave para o correto diagnóstico e condução clínica da Erliquiose Monocítica canina. Saber interpretar o laudo, tratar e monitorar o animal é de extrema importância para obtenção de boas respostas frente a esta enfermidade.
Autora: Jessica Carvalho