Giardíase em cães
Giardíase é uma das principais doenças parasitárias intestinais que acomete os animais domésticos. É considerada pela Organização Mundial de Saúde uma zoonose cosmopolita de grande impacto na Saúde Pública.
Esta enfermidade é causada por protozoários de baixa especificidade com relação aos hospedeiros, podendo parasitar gatos, cães e seres humanos. Nos cães observa-se uma maior prevalência em animais jovens ou que vivem em local de aglomeração, condições que favorecem a disseminação do patógeno. É importante destacar o hábito de coprofagia como um fator de risco para enfermidade.
A principal espécie envolvida nesta doença é a Giardia duodenalis, também denominada de G. intestinalis ou G. lamblia. A transmissão ocorre de forma fecal-oral, através da ingestão de cistos eliminados nas fezes de animais infectados, bem como através da ingestão de alimento ou água contaminados pelo parasito. Após a infecção, os cães podem demorar cerca de 5 dias para manifestar os sinais clínicos, e a eliminação de cistos nas fezes ocorre em média de 1 a duas semanas após a infecção.
A infecção, na maioria das vezes, é assintomática. Entretanto, os hospedeiros podem apresentar sinais clínicos de moderados até severos. Tais como diarreia, vômito, perda de peso e desidratação, podendo, em condições mais graves, como em animais imunossuprimidos, resultar em óbito. Todos esses sinais estão relacionados de forma direta ou indireta com a agressão ao epitélio intestinal causada pelos trofozoítos do parasito na sua fixação e na sua alimentação.
O diagnóstico é feito através do exame parasitológico de fezes seriado, uma vez que a eliminação de cistos é intermitente. Os cistos deste parasito medem 10 μm a 12 μm de comprimento e são cercados por uma parede fina. Os trofozoítos localizam-se principalmente no intestino delgado e são móveis. Em amostras fecais mais consistentes, os cistos são a forma infectante mais presente no exame, enquanto que em fezes líquidas e pastosas, geralmente os trofozoítos são encontrados. Além disto, também estão disponíveis testes rápidos com tecnologia ELISA e testes moleculares, como a PCR.
O tratamento de cães infectados objetiva a eliminação dos sinais clínicos, interrupção da infecção e da eliminação dos cistos. Por fim, a prevenção deve ser feita através da higienização do ambiente e de animais infectados, uma vez que os cistos permanecem viáveis no ambiente e na pelagem de animais por semanas.