Uso da Inteligência Artificial no Exame Ecocardiográfico
A Inteligência Artificial é a expressão da inteligência humana exteriorizada (projetada para “fora” do nosso cérebro) e pode ser definida como sistemas que pensam como seres humanos; que pensam racionalmente; que agem como seres humanos, que agem racionalmente.
É notório a presença da inteligência artificial (IA) na nossa rotina diária. Ela é utilizada em praticamente todos os equipamentos eletroeletrônicos que possuímos hoje, e provavelmente você à utiliza, diariamente, nos smartphones, pois todas as marcas disponibilizam um assistente virtual inteligente, como a SIRI da Apple ou o assistente da Google.
Na área médica, as primeiras pesquisas sobre aplicações da IA foram produzidas por notáveis universidades americanas – tais como Stanford, Tufts, Pittsburgh, MIT (Massachusetts Institute of Technology) – e comandadas por pesquisadores como Peter Szolovits e Randolph Miller. Em 1984, ao revisarem o tema, os pesquisadores Clancey e Shortliffe definiram que a “Inteligência Artificial médica se preocupa primariamente com a construção de programas de IA que realizam diagnósticos e fazem recomendações terapêuticas.”
Logo, desde a primeira ferramenta produzida no período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) até a tecnologia que produzimos hoje, muita coisa se transformou. Assim, tudo aquilo que era inimaginável para boa parte das gerações anteriores passou a fazer parte da realidade clínica moderna.
No entanto, é um equívoco pensar que essa tecnologia é uma realidade inacessível. Os investimentos do mercado da saúde em inovação e tecnologia já apresentam resultados excelentes, concretos e alcançáveis, geralmente a poucos cliques de distância.
Em 2019, no congresso do DIC – Diretório de Imagem Cardiovascular, o Dr. Partho Sengupta, nome eminente da ecocardiografia mundial, falou sobre o passado, presente e futuro da ecocardiografia com ênfase no uso da inteligência artificial.
A área de pesquisa da Inteligência artificial chamada de aprendizado profundo, que é uma espécie de aprendizado de programa de computador por conta própria, está sendo utilizada para identificar se o paciente apresenta algum tipo de doença ou não.
Um estudo bem interessante foi realizado pelo Dr. Zhang, da universidade da Califórnia, utilizando imagens de tomografia de coerência ótica que permite observar as diversas camadas da retina e identificar alterações que possam causar perda da visão. Neste caso, o algoritmo chegou a superar experts em retina, errando apenas 6,6% dos casos.
Outros ótimos exemplos são os resultados da startup americana DIA Imaging Analysis, que criou um software capaz de analisar as imagens ecocardiográficas e fazer medições automáticas. Com isso, os médicos puderam economizar cerca de 30% do tempo na avaliação da Fração de Ejeção.
Naturalmente, esse avanço traz consigo diversos desafios e implicações que não devem ser esquecidos ou desconsiderados pela Cardiologia (e por outras áreas da saúde). É imperativo que cardiologistas e especialistas compartilhem desse conhecimento para serem capazes de distinguir aquilo que é fundamental em sistemas de Inteligência Artificial na cardiologia.
De acordo com o Dr. Zhang, não dá para fugir do futuro: “penso que a chegado dos sistemas de diagnósticos baseados em inteligência artificial é inevitável. A nós, médicos, resta trabalhar e interagir com a IA para fazer o futuro da medicina mais custo-efetivo e, além disso, promover um melhor cuidado”.