Equalis veterinaria

Esporotricose felina

Autor: Edna Michelly

A esporotricose é uma micose subcutânea contagiosa causada por fungos dimórficos do complexo Sporothrix schenckii, sendo a espécie Sporothrix brasiliensis reconhecida como a responsável por epizootias em diferentes estados brasileiros.

            Sporothrix sp. habita naturalmente ambientes ricos em matéria orgânica estando disperso no solo e vegetais. Ocasionalmente, por inoculação, é responsável pelo surgimento de lesões subcutâneas em diversas espécies domésticas, inclusive o homem. Os gatos são a espécie mais acometida, uma vez que seus hábitos de arranhadura e mordedura resultaram em uma dispersão rápida do fungo no ambiente.

Sinais clínicos

            Os sinais clínicos iniciam-se poucos dias após a infecção. Em geral, a região da face e orelhas, além dos membros são os locais de maior ocorrência de lesões, pois são o contato inicial de inoculação pelas garras por ocasião de brigas. As lesões cutâneas iniciam-se como pápulas, nódulos ou bolhas que se rompem e que drenam contéudo serosanguinolento. Após ruptura, formam-se pequenas úlceras que aumentam de tamanho e podem confluir. É muito comum a formação de crostas hemorrágicas que podem ser facilmente removidas com a manipulação (Figura 1).

Figura 1. Paciente felina, adulta com diagnóstico de esporotricose apresentando lesões ulcerativas e crostosas na região da cabeça e tronco.

Frequentemente o espelho e plano nasal podem ser acometidos, podendo haver perda de tecido ou tumefação leve ou grave. Por esse motivo, é comum observar quadros de espirros e dispneia inspiratória nesses pacientes.

          Diagnóstico

A citologia cutânea é um dos métodos de diagnóstico mais realizados e os felinos demonstram grande quantidade de leveduras nas lesões e este método de diagnóstico costuma ter alta sensibilidade (Figura 2).

Figura 2: Exame citológico de úlcera de felino com diagnóstico de esporotricose. Presença de leveduras arredondadas basofílicas livres e fagocitadas.

A cultura fúngica é o teste ouro para o diagnóstico da doença.

A histopatologia é uma opção diagnóstica principalmente para os casos suspeitos que não foram confirmados com a citologia. Colorações especiais como o ácido periódico de Schiff (PAS) permitem uma melhor identificação do fungo no tecido acometido.

Tratamento e prevenção

A droga de escolha para o tratamento de felinos é o itraconazol na dose de 100mg/gato a cada 24h durante meses, mantendo-se a terapia até semanas após remissão dos sinais clínicos. A dose para cães pode variar de 5 a 10mg/Kg e a terapia costuma ser menos duradoura;

Em casos refratários ao itraconazol como monoterapia, a aplicação de anfotericina B intralesional é recomendada em lesões localizadas na concentração de 5mg/mL, repetindo-se semanalmente ou quinzenalmente até três aplicações;

Uma opção alternativa é a associação do itraconazol com iodeto de potássio na dose de 5mg/Kg a cada 24h.

Os animais acometidos precisam ser isolados e tratados adequadamente e o ambiente deve ser higienizado e restos biológicos precisam ser embebidos em solução de cloro antes de serem descartados;

As carcaças de animais infectados devem ser destruídas ou cremadas para evitar a contaminação ambiental.

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