Equalis veterinaria

FISIOPATOLOGIA DA CINOMOSE

Autor: Jessica Carvalho

Cinomose é uma doença viral altamente contagiosa e que pode acometer os cães, causando alterações clínicas importantes. A fisiopatologia desta doença inicia-se com a entrada do vírus pelo trato respiratório, através do contato com o epitélio superior. Após cerca de 24h, inicia a multiplicação nos macrófagos teciduais, bem como linfócitos locais, localizados principalmente nas tonsilas e nos linfonodos brônquicos.

                Cerca de 3 a 4 dias após a infecção, ocorre o aumento da viremia nos linfonodos e a redução da viremia nas células mononucleares de outros tecidos infectados. Em média de 4 a 6 dias, após a infecção, aumenta a multiplicação do vírus em tecidos como: folículos linfóides do baço, tecido linfático do estômago e intestino delgado, linfonodos mesentéricos e células de kupffer do intestino. Estas alterações resultam em leucopenia e febre nos pacientes, principalmente devido o dano viral nas células linfóides T e B.

                Ao atingir a via hematogênica, o vírus da cinomose atravessa a barreira hematoencefálica e atinge células epiteliais do Sistema nervoso central, mais especificamente espaços perivasculares de vasos sanguíneos finos, vasos do plexo coróide, líquido cefalorraquidiano e sistema vestibular. Este curso da doença é um fator dependente da resposta Th1 e Th2 do animal. Sendo assim, após a viremia no paciente, a colonização dos tecidos epiteliais, favorece a eliminação do vírus por meio de secreções, impactando diretamente no potencial de transmissão para outros animais.

                Portanto, enfatizando a resposta adquirida, Th2, a produção de Imunoglobulinas G (IgG) contra o vírus da cinomose é eficaz em neutralizar o vírus no ambiente extravascular e inibir a disseminação intracelular. Entretanto, os níveis de IgG no organismo animal, depende diretamente da sua resposta imunológica, que pode variar dependendo do estado geral do paciente. A persistência do vírus nos tecidos será correlacionada as manifestações clínicas do paciente.

                Apesar desta ser a via mais clássica de infecção do paciente, também pode ocorrer de forma anterógrada, por meio das vias nasais, lâminas cribriformes, atingindo o nervo olfatório, bulbo olfatório, lobos piriformes do córtex cerebral, podendo causar poliencefalomalacia seletiva de estruturas rinencefálicas. De forma geral, o vírus da cinomose pode causar encefalites agudas, subagudas e crônicas, por meio da replicação viral direta e pela desmielinização. Sendo assim, as manifestações clínicas podem ser agudas ou tardias, podendo ser observado erupção cutânea, secreção nasal serosa, conjuntivite, anorexia, mioclonia, nistagmo, ataxia, tetraparesia, tetraplegia, dentre outros.

Por fim, o curso da doença envolve uma sequência de eventos, desde a entrada do vírus pelo trato respiratório até a disseminação sistêmica, com consequências significativas nos tecidos linfoides, hematopoiéticos e no sistema nervoso central. A resposta imunológica do hospedeiro desempenha um papel crucial na progressão e resolução da infecção, destacando a importância da resposta Th2 e da produção de IgG na neutralização viral.

Fonte da imagem: https://chemitec.com.br/blog/cinomose-o-que-e-sintomas-e-tratamento/

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